HISTÓRIA DE CRUZEIRO DO SUL 

news_31294Uma grande área de terras compreendida entre o Arroio Sampaio e o Arroio Moinhos, à margem direita do Rio Taquari, constituía a Fazenda São Gabriel, de propriedade da família de Laura Centeno de Azambuja, considerada, com justa razão, como a fundadora do povoado de São Gabriel.
Dona Laura sempre foi muito respeitada e venerada, em razão de sua bondade e pela ajuda que sempre deu aos que necessitavam. Ela deixou uma descendência numerosa de cidadãos respeitáveis que prestaram relevantes serviços à Província, entre os quais destacaram-se Primórdio Centeno Xavier de Azambuja, Bento Gonçalves Xavier de Azambuja, Rafael Fortunato Xavier de Azambuja, Marcolino Centeno de Azambuja e Antonio Netto de Azambuja.
A primeira casa dos Azambuja na denominada localidade de São Gabriel da Estrela foi a “Casa da Fazenda” que hoje, após sucessivas reformas e de servir para uso de uma ervateira, abriga o prédio da Prefeitura Municipal.
Como gesto de reconhecimento, por terem os três filhos voltado da Guerra do Paraguai (1864-1870), Laura Centeno de Azambuja fez a doação de um terreno para nele ser construída uma capela sob a invocação de São Gabriel Arcanjo. A capela foi construída às suas expensas depois de receber a necessária permissão das autoridades eclesiásticas. Tal permissão foi expedida em 24 de julho de 1883 e assinada por Dom Sebastião Dias Laranjeira, bispo de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Dona Laura faleceu em 27 de junho de 1887, sendo sepultada na própria capela que havia mandado construir.
A Igreja Matriz, construída em 1929, no mesmo local da antiga capela de madeira, conserva a lápide da sepultura da benemérita cidadã, na qual pode-se ler: “ Aqui jazem os restos mortais de Dona Laura Centeno de Azambuja, fundadora desta igreja e do povoado de São Gabriel Arcanjo. Esposa fiel, mãe extremosa, espírito e virtudes elevadas. Nasceu a 8 de maio de 1800. Faleceu em 27 de junho de 1887. Esta modesta campa lhe ergueram seus filhos. Pede-se orações por sua alma”.
Os descendentes de Dona Laura continuaram a obra iniciada no sentido do desenvolvimento e progresso do povoado. Em 12 de outubro de 1892 fizeram a doação de uma área de terras ao Município de Lajeado, para a localização de praças e logradouros públicos que deveriam ser construídos pela municipalidade. Em 30 de outubro de 1892, o Bispo do Rio Grande do Sul Dom Claudio José Ponce de Leon, outorgou licença para receber a doação de terreno e construção de um cemitério, representados pelo Tenente Coronel Primórdio Centeno de Azambuja e Rafael Fortunato de Azambuja, de comum acordo com os demais herdeiros.
Já em 1889, o agrimensor Guilherme H. Rochett fez o levantamento definitivo do povoado e respectiva planta, obedecendo a um planejamento organizado pelos próprios fundadores, o qual serve parcialmente ainda hoje para orientação na disposição urbana.
AS DENOMINAÇÕES DO POVOADO, DISTRITO E DO MUNICÍPIO
Pelo ato nº 1006 de 12 de agosto de 1922 do Intendente Municipal João Batista de Mello, foi criado o 6º Distrito de Lajeado, tendo por sede o povoado de São Gabriel da Estrela.
Como esta denominação trazia confusão com a cidade de São Gabriel, foi proposto por um grupo de cidadãos da vila o nome de Cruzeiro do Sul. O governo acatou o pedido e pelo Decreto nº 7842 de 30.06.1939, publicado no diário Oficial de 29/02/1940 mudou o nome de São Gabriel da Estrela para Cruzeiro do Sul.
Durante o período de governo discricionário, houve uma época em que diversos nomes de vilas e cidades, à revelia de suas respectivas populações, foram arbitrariamente substituídos. À Cruzeiro do Sul foi imposto o nome de Setembrina. A população, inconformada, esperou apenas a oportunidade da volta do regime constitucional para solicitar o restabelecimento da anterior denominação.
Em 16 de abril de 1949, pela Lei Municipal nº 99 assinada pelo Prefeito Hugo Oscar Sphor foi restabelecido o nome de Cruzeiro do Sul ao distrito e vila até então chamada Setembrina. 
EMANCIPAÇÃO
No ano de 1963 surgiu a ideia da emancipação do distrito. Após a compilação da documentação legalmente necessária para habilitar-se à emancipação, junto à Assembleia Legislativa do Estado, foi determinado o dia 25 de agosto para a realização do plebiscito. Naquele dia, em Cruzeiro do Sul, compareceram às urnas 1959 eleitores, sendo que 1609 sufragaram o “SIM” e apenas 331 votaram pelo “NÃO”, havendo uma esmagadora vitória.
Após o conhecimento do resultado do plebiscito, no dia seguinte, o comércio e a indústria cerraram suas portas e o povo, vibrando de entusiasmo e alegria, saiu às ruas para festejar.
PRIMEIRA ELEIÇÃO MUNICIPAL E INSTALAÇÃO DO MUNICÍPIO
No dia 8 de março de 1964 realizou-se a primeira eleição para escolha dos representantes do Poder Executivo e da Câmara de Vereadores, que passariam a dirigir os destinos do novo Município.
A solenidade de compromisso, bem como os trabalhos de instalação da primeira legislatura do Poder Legislativo Municipal aconteceu no dia 20 de março de 1964, nos ambientes do Grêmio Recreativo e Esportivo União (GREU), sob a presidência do Juiz Eleitoral de Lajeado, Dr. Paulo Corrêa de Almeida.
No dia 22 de março de 1964 (domingo), foi empossado o Prefeito recém eleito Emílio Treter Sobrinho e o seu Vice Rubem Feldens, em solenidade iniciada às dez horas no GREU. A confraternização da posse aconteceu em São Rafael.
*Texto adaptado. Publicado originalmente na revista comemorativa aos 25 anos do Município (1988).

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